Não gosto de inserir no blog textos longos. Nesse caso não tive outra escolha. Se tiver paciência prá ler, vá em frente. Acredito que valerá a pena.
Outro dia ao me deitar resolvi conversar com Deus. Há algum tempo eu estava muito ocupado e cansado para pensar em outra coisa a não ser no meu olho esquerdo que, desde fevereiro, sempre estava irritado. Quando não era ele, era a pálpebra inferior e, quando essa me dava uma trégua, a superior se irritava.
Na verdade, começou com a pálpebra inferior, depois a superior, por último a conjuntiva. Esse ciclo vinha se repetindo com freqüência, dia após dia. Cheguei a ter conjuntivite e, depois dela, uma bactéria se alojou no canto esquerdo do olho. Coceira insuportável, mancha vermelha, descamação da pele, colírio, pomada, gaze e soro fisiológico foram minhas companhias mais próximas nestes longos primeiros meses do ano.
Contabilizei oito visitas a diferentes profissionais das áreas de dermatologia, oftalmologia e alergia.
Fui enxergar no passado e vi as reais bactérias que haviam se alojado em mim nessa longa estação. Eram muitas, vinham de toda parte e agrediam minha essência. Por ver algo tão ofensivo, escolhi o olho esquerdo para rejeitar o que me intoxicava. Era meu protesto, minha guerrilha, minha guerra fria. Às vezes é mais inteligente fechar os olhos. Ainda prefiro deixá-los bem abertos, mesmo com a ajuda de colírio e pomada.
Pelo olho esquerdo e a irritação, escrevi “Mudei o jeito de olhar”, o primeiro texto deste blog. Os dois, o olho e a irritação, me fizeram mudar o jeito de olhar. A irritação não era dele, era minha. O olho também. Sou grato a eles.
Não me esqueci de contar sobre minha conversa com Deus. Era necessário esse contexto. Nessa história, Ele esteve presente de três maneiras. Ele sempre esteve desde o começo, mas só fui perceber isso agora. Dessas três, duas foram como Ele sempre faz comigo – pelos sonhos. A outra por um livro, A Cabana.
Você já sabe, eu havia acabado de me deitar. A irritação que antes estava só no olho esquerdo, já tinha chegado até meus pensamentos e havia enfraquecido minha fé. Eu estava bem desanimado e já tinha me esquecido – desde muito tempo - da frase falada em pensamento quando sofria algum desconforto:
- Agora mesmo isso passa.
Com ela eu tinha o poder de tornar o “possível infinito” no finito. Eu era o controle, o comando, mas agora o comandado.
Pedi a Deus uma resposta para entender a causa dessa insistente irritação no olho esquerdo. Também perguntei por onde Ele andava que não enviava uma resposta e uma solução definitiva. Sempre fui cheio de fé. Aprendi com minha mãe e com as respostas e sinais que tinha e tenho em meus sonhos.
Também pedi a minha mãe, já falecida, que me desse algum sinal, uma resposta. A dela veio primeiro. Em sonho recebi sua visita e olhando firmemente nos meus olhos disse que eu só seria curado quando aprendesse a perdoar. Não entendi a mensagem, pois, honestamente não guardo nenhum rancor.
Não tinha nada que fazer senão pensar nisso. Descobri-me exigente demais comigo e, quase sempre, implacável com minha condição humana – que permite falhas. Continuo exigente. Estou praticando o perdão. Ele é libertador.
Numa noite acordei com a frase escutada em sonho: “É você que em você tem que crescer em mim”. Um susto. Um pulo da cama. Uma anotação num pedaço de papel. Uma madrugada para decifrar o sinal vindo Dele.
Entendi que esperava demais que Ele, Deus, se fizesse presente em mim, crescesse em mim. Uma tolice de quem tem a visão limitada. E nesse caso não foi pela irritação.
Ele por si só é total e não precisa ser preenchido. Eu, na minha pequenez da fé é que precisava me preencher Nele, crescer Nele, acreditar Nele.
Tenho, diariamente, reforçado minha fé. Nossa Senhora Desatadora dos Nós tem me auxiliado nisso. Não é fácil a entrega livre, despretensiosa, leve e segura. É um crescendo – um infinito no gerúndio. Ainda vacilo. Concedo-me o perdão por isso.
E o livro A Cabana, onde se encaixa? Ele estava lá, nas Lojas Americanas. Fui apresentado a ele por uma amiga, a Lú Paranahyba. Não o comprei naquele dia. Prá ser sincero não dei muita importância a ele. Preferi comprar DVDs de filmes assistidos em outras épocas. As vezes sou saudosista.
Insistente Ele foi, Deus, em colocar-me na Cabana. Dessa vez a indicação veio pela Andréia Chaves, uma amiga de trabalho. Não resisti. Comprei-o.
Uma frase, intrigante, do livro: “Eu (Deus) tenho a ver com ser. À medida que você cresce no relacionamento comigo, o que fizer simplesmente refletirá quem você realmente é”. Esta e a frase escutada no sonho eram similares e se complementavam. Fortes, intensas, transformadoras, grandiosas.
Entendi o recado. Mudei o jeito de olhar. Mudei o jeito de me enxergar. Mudei minha relação comigo. Mudei minha relação com Deus.
Àquelas antigas companhias, as deixei de lado. Ainda prefiro minha família e amigos. O olho continua comigo. Aliás, os dois olhos. A irritação, muito menos insistente - tem sumido à medida que cresço na minha relação com Deus e me concedo o perdão.
Amigo de fé, que saudade de você! Que bom que esteja compartilhando um pouco de você conosco.Muito bonitas as suas palavras e reflexões. A expressão é a sua melhor forma e por algum tempo você deixou de fazer isso. bj
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